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Brumado: Pecuaristas recebem milho para alimentação dos animais afetados pela seca Foto: Lay Amorim/Achei Sudoeste

Na sexta-feira (01), a reportagem do Achei Sudoeste acompanhou a entrega das sacas de milho para os produtores rurais afetados pela grave seca em Brumado. O material foi enviado pelo Governo Federal para socorro aos pecuaristas. Presidente da comunidade Baixa da Baraúna, José Walter informou que a associação recebeu 152 sacas de milho, as quais serão distribuídas entre 26 produtores rurais da região. Segundo ele, no final do ano passado, a situação era muito ruim e só agora, após o período chuvoso, os agricultores começaram a colher uma pequena parte da produção. “Veio num momento muito bom”, avaliou. Presente na ação de distribuição, Valdinei Araújo, que faz parte da diretoria do Sindicato Rural no município, comemorou a ajuda aos produtores. “Vai ajudar muito. Teve a chuva, mas ainda não teve produção e esse milho vai ajudar nossos produtores. Graças a Deus chegou no momento certo. Todos estão satisfeitos. Foi uma luta que conseguimos”, destacou. No total, são quase 58 toneladas para distribuição aos produtores rurais da cidade.

Brumado recebe 50 toneladas de milho para atender produtores afetados pela seca Foto: Lay Amorim/Achei Sudoeste

O Município de Brumado recebeu do Governo do Estado 50 toneladas de milho para atendimento emergencial aos produtores afetados pela seca na região rural. Ao site Achei Sudoeste, Valdinei Araújo, membro do Sindicato Rural da cidade, disse que, apesar das chuvas recentes, os produtores ainda estão sofrendo com a estiagem e os suprimentos irão auxiliar no enfrentamento à seca na zona rural. “É uma ação do Governo do Estado junto com o Sindicato Rural. Abraçamos esse programa para fazer esse cadastramento”, pontuou. Ao todo, 166 produtores foram cadastrados na cidade para recebimento dos grãos. Cada produtor recebe uma quantidade de sacas correspondente ao número total de cabeças de sua criação. Segundo Araújo, em breve, os kits serão distribuídos aos produtores cadastrados. Presidente do Sindicato Rural de Brumado, Jamille Meira salientou que a ação é de suma importância para os agricultores, tendo em vistas as inúmeras perdas de animais registradas durante a seca. Já José Luiz Alves Ataíde, coordenador do Setaf em Brumado, reforçou que o socorro do Governo do Estado irá amenizar o sofrimento do agricultor, haja vista que os efeitos da seca são prolongados.

Seca inflaciona produção rural, feirantes preveem mais aumento de preços em Brumado Foto: Lay Amorim/Achei Sudoeste

Nesse período de seca, a produção rural tem sido bastante afetada, o que reflete negativamente nas vendas na Feira Livre de Brumado. Ao site Achei Sudoeste, o feirante Irenio Meira disse que o consumidor final é quem acaba pegando pela diminuição da produção. Segundo ele, os preços têm variado muito e a qualidade dos produtos também foi prejudicada. “Todo dia é um preço diferente. Estão pagando caro. O consumidor reclama, mas infelizmente não podemos fazer nada. A gente dá o nosso melhor”, afirmou. Apesar do aumento dos preços, o feirante relatou que as vendas não caíram, visto que os alimentos são itens essenciais para o consumidor. Com a seca intensa e as altas temperaturas, as lavouras de alface, tomate e melancia são das mais afetadas. Da região de Aracatu, o produtor Cândido Meira afirmou que quase não está havendo produção nas lavouras diante do desabastecimento. Em geral, segundo ele, está tudo caro e a tendência é que os preços aumentem ainda mais. “Tá difícil pra trabalhar. Se não chover vai ficar mais caro ainda. Todo mundo vai sofrer com isso”, avaliou.  

Estiagem prolongada na zona rural de Brumado provoca mortes de animais Foto: Alternativa FM

A estiagem prolongada na cidade de Brumado tem provocado a morte de animais e pode, inclusive, comprometer a reposição de abates no próximo ano. Um morador da comunidade de Lagoa do Jurema, disse em entrevista para a Rádio Alternativa FM, que o cenário é devastador, visto que a estiagem já dura cerca de 4 meses. “Em agosto ficamos com 90 milímetros de chuvas, mas, de lá para cá, não tivemos mais. O normal é novembro e dezembro de chuvas, mas até o momento ela não veio”, lamentou. Para tentar suprir a baixa oferta de pasto e evitar novas perdas, o criador tem recorrido à compra de caroço de algodão. O suplemento no cocho, no entanto, não é o suficiente para manter o desempenho do rebanho. “Na média, perderam mais de 100 kg por animal só neste período. O que vem é um sentimento de impotência”, completou. Outro produtor rural da comunidade de Algodões, também teve de se reinventar para manter o rebanho vivo. “É necessário abrir a porteira, unir lotes, o que acaba refletindo negativamente. No próximo ano vai haver um atraso na terminação destinada ao abate”, falou. Segundo ele, a irregularidade das chuvas não proporciona um crescimento adequado das pastagens e isso prejudica o desempenho da criação.

Brumado: CMDRS debate ausência do poder público em ações de convivência com a seca Foto: Lay Amorim/Achei Sudoeste

Representando o Sindicato Rural da cidade de Brumado, Aroldo Meira participou da última reunião do ano no Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS). O tema do encontro foi a seca que assola a região. Em entrevista ao site Achei Sudoeste, Meira disse que é um momento difícil diante da maior seca dos últimos 50 anos. Segundo frisou, os produtores rurais estão sentindo na pele a falta d’água para manter as suas criações animais e lavouras. Apesar da situação crítica, Meira salientou que o poder público não tem tido um olhar especial para o homem do campo. “Tá faltando muita assistência, água para consumo humano... na zona rural, até pra criação animal a água está acabando. Na região vizinha, o gado está morrendo, até passando os animais pra frente pra não morrer e não tá achando. Brumado está chegando nesse ponto”, avaliou. Segundo o representante, não há ações de convivência com a seca no município. “Parece até que o gestor municipal não gosta do homem do campo”, criticou.  

Seca prejudica criações animais e lavouras em comunidades rurais de Brumado Foto: Lay Amorim/Achei Sudoeste

Diversas comunidades rurais do município de Brumado têm sofrido com a seca e falta d’água. Ao site Achei Sudoeste, o presidente da associação de moradores do Rudiador, José Aparecido, relatou que muitos moradores não têm cisternas em suas residências e contam com o apoio da Operação Carro Pipa para acesso à água. Diante da situação crítica, Aparecido disse que está sendo muito difícil manter as lavouras e as criações de animais. “Estamos esperando a ajuda de Deus para mandar a chuva. O pessoal da cidade depende dos alimentos produzidos na zona rural e nós estamos nas mãos de Deus”, afirmou. Já Gabriel Neves, que faz parte da diretoria da associação de moradores do Tamboril, contou que a situação na região poderia estar pior se não fosse os poços artesianos e as cisternas que existem no local, haja vista que a lagoa que abastece a localidade está bem seca. “Não tem como plantar. Tá impossibilitado pela falta d'água”, lamentou.

Governo Federal reconhece situação de emergência por causa da seca em Brumado Foto: Lay Amorim/Achei Sudoeste

Nesta terça-feira (14), o Governo Federal, por intermédio do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), reconheceu a situação de emergência na cidade de Brumado por causa da estiagem. A portaria com o reconhecimento foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). Após a concessão do status de situação de emergência pela Defesa Civil Nacional, o município fica apto a solicitar recursos do MDR para atendimento à população afetada. As ações envolvem restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução de equipamentos de infraestrutura danificados.

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